terça-feira, 23 de março de 2010

Recital de Poesia por Afonso Dias - Parte II

Eis um poema a ilustrar a beleza e a sedução de um artista musicalmente dotado.
Poema... e evidências fotográficas!



Carlos Drummond de Andrade
A Bunda, que Engraçada


A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica
Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora - murmura a bunda - esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.

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