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https://www.publico.pt/2019/09/19/culto/noticia/mau-comportamento-infancia-insonia-idade-adulta-1887168
Problemas de comportamento na infância, insónia na idade adulta
Os resultados do estudo destacam a
importância de abordar os problemas de comportamento e os problemas de sono
durante a infância.
Reuters
19 de
Setembro de 2019, 14:37
NRD/UNSPLASH
Tratar os problemas de comportamento na infância pode ter o benefício de
reduzir o risco de insónia na idade adulta, sugere um estudo recente, no qual 8050 pessoas foram
acompanhadas ao longo de mais de quatro décadas, e que avaliou os problemas de
comportamento nas idades de 5, 10 e 16 anos e, em seguida, inquiriu sobre os
hábitos de sono quando os participantes tinham 42 anos.
Aos 5 anos, 78% das crianças tiveram um comportamento normal, enquanto 13%
tiveram problemas comportamentais moderados e 4% tiveram problemas
comportamentais graves. As crianças com problemas graves de comportamento
tiveram 39% mais probabilidade de ter insónia em adultos do que as crianças que
tinham um comportamento normal, avançam os investigadores do JAMA Network Open.
“A ligação entre comportamento infantil e insónia na idade adulta pode ser
parcialmente explicada por problemas de sono na infância”, justifica Yohannes
Adama Melaku, autora do estudo e investigadora do Instituto de Saúde do Sono de
Adelaide, da Universidade de Flinders, na Austrália.
Assim, “o tratamento de problemas comportamentais e de sono durante a
infância pode reduzir o risco de insónia na idade adulta”, explica Melaku
por e-mail. “Estabelecer comportamentos saudáveis do sono em criança é importante para a prevenção da insónia na idade adulta”, reforça.
A equipe de Melaku analisou dados de um estudo contínuo de um grupo de
crianças nascidas no Reino Unido em 1970. Durante a infância e a adolescência,
os investigadores pediram aos pais que avaliassem com que frequência as
crianças tinham vários comportamentos como estar inquieto, destruir ou
danificar coisas, brigar ou discutir com outras crianças, não ser apreciado
pelos pares, preocupar-se com muitas coisas, ser solitário, estar com medo ou
ansioso, faltar à escola, ficar aborrecido em situações novas, ou ser
vítima ou agressor em caso de bullying.
Para avaliar os sintomas de insónia na infância, os investigadores
perguntaram aos pais com que frequência os filhos não conseguiam adormecer,
tinham problemas para adormecer ou ter um sono contínuo. Em adultos, os
participantes foram submetidos a perguntas semelhantes. Durante a infância, cerca
de 25% das crianças com 5 anos e 16% das mais velhas tinham dificuldades de
sono.
Em adultos, os participantes do estudo com problemas de sono moderado a
grave durante a infância tiveram 40% mais hipóteses de ter insónia do que
aqueles sem problemas de sono na infância. Aqueles sem problemas de sono aos 5
anos, mas que desenvolveram problemas de sono moderado a grave aos 16 anos
tinham 34% mais possibilidades de ter insónia em adultos.
Depois de se ajustarem a outros factores que poderiam influenciar o risco,
os investigadores calcularam que aproximadamente 16% da associação entre
problemas de comportamento na infância e insónia na idade adulta poderia
ser explicada por dificuldades para dormir aos 5 anos. Mas a natureza exacta
dessa conexão não é clara e requer mais investigação, defendem os autores.
Os resultados do estudo destacam a importância de abordar os problemas de
comportamento e os problemas de sono durante a infância, antes que as crianças
desenvolvam padrões que possam dificultar o descanso de que precisam mais tarde
na vida, refere Nicole Racine, psicóloga da Universidade de Calgary e Alberta,
que não esteve envolvida no estudo.