quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Poema do dia



As Palavras

São como um cristal,
Algumas, um punhal.
um incêndio.
outras, 
orvalho apenas.

Eugénio de Andrade

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Poema do dia



As Rosas

Quando à noite desfolho e trinco as rosas
É como se prendesse entre os meus dentes
Todo o luar das noites transparentes,
Todo o fulgor das tardes luminosas,
O vento bailador das primaveras,
A doçura amarga dos poentes,
E a exaltação de todas as esperas. 






segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Provérbio da semana


"Em outubro, o lume já é amigo."

Poema do dia

    Liberdade


    Ai que prazer
    não cumprir um dever.
    Ter um livro para ler
    e não o fazer!
    Ler é maçada,
    estudar é nada.
    O sol doira sem literatura.
    O rio corre bem ou mal,
    sem edição original.
    E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
    como tem tempo, não tem pressa...

    Livros são papéis pintados com tinta.
    Estudar é uma coisa em que está indistinta
    A distinção entre nada e coisa nenhuma.

    Quanto melhor é quando há bruma.
    Esperar por D. Sebastião,
    Quer venha ou não!

    Grande é a poesia, a bondade e as danças...
    Mas o melhor do mundo são as crianças,
    Flores, música, o luar, e o sol que peca
    Só quando, em vez de criar, seca.

    E mais do que isto
    É Jesus Cristo,
    Que não sabia nada de finanças,
    Nem consta que tivesse biblioteca...

          Fernando Pessoa

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Poema do dia

PORQUE 

Porque os outros se mascaram mas tu não 
Porque os outros usam a virtude 
Para comprar o que não tem perdão. 
Porque os outros têm medo mas tu não. 

Porque os outros são os túmulos caiados 
Onde germina calada a podridão. 
Porque os outros se calam mas tu não. 

Porque os outros se compram e se vendem 
E os seus gestos dão sempre dividendo. 
Porque os outros são hábeis mas tu não. 

Porque os outros vão à sombra dos abrigos 
E tu vais de mãos dadas com os perigos. 
Porque os outros calculam mas tu não. 

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Poema do dia

As palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

                   Eugénio de Andrade

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Poema do dia

Lágrima de preta
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
António Gedeão

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

"Provérbio da semana"

A quem tudo quer saber nada se diz.

Descobre o autor!!!!!

"Poema do dia"


O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.


 Descobre o Poeta???

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Apresentação do Livro " Poder Mudar"



APRESENTAÇÃO DO LIVRO


















Dia 24 de Outubro, 10h15,
com a presença da autora,
na sala de professores da ESLA.  






sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Livros que deram Filmes

Livro
As vinhas da ira- John Steinbeck (1939)
Prémio Pulitzer






















Filme
As vinhas da ira – John Ford (1940)
Óscar:  Melhor realizador (John Ford)
Óscar:  Melhor Atriz secundária (Jane Darwell)




Sinopse:
Relata a história de uma família pobre do estado de Oklahoma, que durante a Grande Depressão de 1929 se vê obrigada a abandonar as terras que ocupava havia décadas, em regime de meeiros, devido à chegada do progresso, traduzido pela compra de tratores e máquinas pelos donos dessas, e de um novo regime de propriedade. Este fator tornou obsoleto o trabalho manual de aragem e plantio da terra, e forçou-os a rumar em direção à Califórnia.
Este clássico americano, trata dos efeitos da grande depressão de pequenas famílias de fazendeiros do Oeste americano.
A personagem principal, Tom Joad, regressa a casa saído da prisão e reencontra a sua família, já preparada para abandonar a sua terra, Oklahoma, no seguimento de um ano de colheitas ruinoso e também da premente ocupação da terra pelos donos originais e seu maquinário. Concluindo a impossibilidade de manter de pé a propriedade, não tiveram outra opção que não fosse abandoná-la e partir em busca de uma nova vida.
Com o pouco dinheiro que lhes resta, adquirem um velho caminhão e encetam uma viagem para oeste, até à Califórnia. Durante o percurso, a família cruza-se com outras que caminham na mesma direção e com a mesma intenção, seduzidos por promessas de trabalho e de bons salários.
No entanto, tais expectativas saem frustradas, pois à chegada apercebem-se que o trabalho que há é pouco e mal remunerado, o que obriga a maioria dos emigrantes a viver em acampamentos temporários ao longo da estrada, sempre sujeita à exploração da mão-de-obra barata.x

quinta-feira, 3 de outubro de 2013


Recomeçar


 Recomeça....
 Se puderes
 Sem angústia
 E sem pressa.
E os passos que deres,
 Nesse caminho duro
 Do futuro
 Dá-os em liberdade.
 Enquanto não alcances
 Não descanses.
 De nenhum fruto queiras só metade.
 E, nunca saciado,
 Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
 Sempre a sonhar e vendo
 O logro da aventura.
 És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
 Onde, com lucidez, te reconheças...



 Miguel Torga