terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O Jornal da Escola e a colaboração da BE!

Mecatrónica do Amor


Título sui generis para abordar a temática do amor.
O amor é “uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma”, é uma invenção premente face à impotência humana de justificar a necessidade emocional do outro, ou seja, “um gravíssimo excesso de grandeza a anunciar o nada”. O nada porque o outro – objecto amado – é apenas um projecção subliminar das nossas múltiplas facetas.
Isto significa a assunção narcisista do amor: quando amamos o outro, amamo-nos a nós próprios e, assim, obtemos o poder tão almejado.
Asserção aparentemente trivial, mas a nossa penitência é eterna porque passou a ser uma obrigação insidiosamente moral. As minhas revisitações pela literatura, pela arte corroboram esta opinião ao asfixiarem todos os verdadeiros amores em amores trágicos.
A ciência, em particular, a psicologia, na sua tentativa de tudo categorizar, transformou o amor numa obsessão caleidoscópica ao classificar os tipos de amor segundo a presença ou ausência das componentes da intimidade, paixão e decisão/compromisso. Segundo Stenberg poderemos obter oito tipos de amor: a inexistência do amor; a amizade; o amor à primeira vista; o amor vazio; o amor romântico; o amor conjugal; o amor irreflectido e o amor consumado. Só este último inclui a presença das componentes referidas anteriormente num jogo de emoções, motivações e cognições.
Não há mecânica, biologia ou electricidade que resista a este novo imperativo - o de nos ensinarem a amar. Todas as prédicas são vendáveis em nome do amor, libidinosamente vendemo-nos a nós mesmos e sofremos de uma nova doença: estamos apaixonados pelo amor.
Por isso, “comam chocolates, comam chocolates” e, apenas, sintam o amor.


A Coordenadora da Biblioteca

Inês Aguiar

Sem comentários: