quinta-feira, 24 de março de 2011

O Poeta Mauro Maia

HÁ DIAS



Há dias, hoje por exemplo,

em que guardo da minha cama

essa intensa imagem do templo

onde nos consumimos em chama.



Ali, revestido com cobertores,

alinha-se com aprumo o altar,

no ar volteiam os sons e odores

do amor que recebemos ao dar.



No chão, as marcas dos joelhos

onde nos consagrámos a nós,

as almofadas em tons vermelhos



onde nos tornamos um a sós.

Mas na mão, só vejo poemas velhos:

quem outrora fomos, atado com nós.



21/12/2009

Mauro Maia



ESPERO



Estes dias correm tão devagar,

parece que nunca mais têm fim!

Só os quero ter todos para mim,

para os poder, a meu gosto, moldar.



Mas eles avançam no mais lento passo,

indiferentes à minha forte impaciência.

Empurro-os, grito-lhes, bato continência,

argumento como o meu tempo é escasso.



E os dias passam e continuam serenos,

não fervilham e não se agitam como deviam,

lá vão pachorrentos em passos pequenos.



Em todos anseio os sinais que me enviam,

esperando neles ver os teus amados acenos.

Mas só em sonhos os teus passos se ouviam...



16/01/2010

Mauro Maia

Lidos na Semana da Leitura, dinamizada pela BE da ESLA, partilhamos a grandiosidade ufana daqueles que têm magistralmente o dom da palavra ... obrigada, Mauro Maia!!!!!

1 comentário:

Mauro disse...

Obrigado eu pelo gosto pelas palavras que me usam como instrumento para nascerem.