segunda-feira, 16 de maio de 2011

A BE e a colaboração no Jornal "100 Comentários"

“O fantasma sai de cena”


Toda e qualquer neutralidade ética, política e religiosa caracteriza-se pela malevolência que nos conduz a caminhos impérvios, ínvios onde prevalece a estultícia pernóstica e, deste modo, a omnipotência do capricho erige-se como um titeu totémico.

Ensaiamos para nós mesmos os nossos espectros fantasmagóricos num léxico de psicologia popular, de obscenidade superegóica, de sofrimento culpabilizador cristão e de patologia paranóica.

O ágalma que nos confere a nossa dignidade mais íntima é suprido, exumado e a demolição do eu reforça o narcisismo e as suas derivações colectivas histriónicas, psicóticas e neuróticas presuntivas. Este é o carácter sério do fingimento espectral e a auto-obliteração de nós mesmos conduz-nos a uma afânise, consequência do fracasso da nossa intenção autopoiética que se transforma num fracasso intencional, sacralizado num hedonismo estéril e pueril.

A negação do confronto com este núcleo ex-timado metamorfoseia-se em dessublimações repressivas convertidas demiurgicamente em fantasmas usurpadores, paralisadores de fascínio paliativo colectivo.

Talvez este discurso verve, opróbrio e aparentemente sem sentido possa explicar por que razão é essencial toda e qualquer desconstrução que deve continuar a ser uma forma sem conteúdo espectral, desontologizada do medo de existir.

Caso contrário, só o meu fantasma sairá de cena!


Inês Aguiar

Sem comentários: