“O fantasma sai de cena”
Toda e qualquer neutralidade ética, política e religiosa caracteriza-se pela malevolência que nos conduz a caminhos impérvios, ínvios onde prevalece a estultícia pernóstica e, deste modo, a omnipotência do capricho erige-se como um titeu totémico.
Ensaiamos para nós mesmos os nossos espectros fantasmagóricos num léxico de psicologia popular, de obscenidade superegóica, de sofrimento culpabilizador cristão e de patologia paranóica.
O ágalma que nos confere a nossa dignidade mais íntima é suprido, exumado e a demolição do eu reforça o narcisismo e as suas derivações colectivas histriónicas, psicóticas e neuróticas presuntivas. Este é o carácter sério do fingimento espectral e a auto-obliteração de nós mesmos conduz-nos a uma afânise, consequência do fracasso da nossa intenção autopoiética que se transforma num fracasso intencional, sacralizado num hedonismo estéril e pueril.
A negação do confronto com este núcleo ex-timado metamorfoseia-se em dessublimações repressivas convertidas demiurgicamente em fantasmas usurpadores, paralisadores de fascínio paliativo colectivo.
Talvez este discurso verve, opróbrio e aparentemente sem sentido possa explicar por que razão é essencial toda e qualquer desconstrução que deve continuar a ser uma forma sem conteúdo espectral, desontologizada do medo de existir.
Caso contrário, só o meu fantasma sairá de cena!
Inês Aguiar
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