sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A BE e a colaboração no jornal "100 Comentários"

Chagal

“O que diz Molero”


Os anátemas opróbrios que caraterizam a sociedade atual dilaceram-nos de forma insidiosa e todas as nossas prédicas estóicas passaram a carecer de sentido telúrico, face ao temor reverencial do secularismo tétrico e putrescente, oxímoro feérico das derriças contemporâneas.

A eutanásia da razão pura e prática de Kant, subjacentes às quais se encontra um desencantamento secular e a impotência da palavra em desvelar a nossa substância mais alada, numa ausência de dinâmica pícara e risível, metamorfoseia-se num esforço mimético ressumado em vetustos vitupérios, em ignomínias exprobradas.

A denegação diegética substituída por uma imagística ligada a uma mitologia de produção de objetos e o respetivo gozo deles, foi adulterada, de forma espúria, num poder psicótico heterónomo, convertido numa epidemia psicológica.

Incólumes, auto - personificamos Némesis e o que diz Molero passa a ser incipiente, face ao gáudio exacerbado, de forma perniciosa, de nos considerarmos ufanos eméritos, sem poupar nos panegíricos encomiásticos.

Como diz Woody Allen “Perante tantos génios, uma pessoa até tem saudades dos néscios”.

Estultícias à parte, a panaceia, ainda que tíbia, perpassa, talvez, pelo charuto fumado de Freud.


Inês Aguiar

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