quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Guerra de Troi(k)a - Luís Reis

Guerra de Troi(k)a


Passados mais de trinta séculos, o invicto povo helénico sofre agora as represálias da destruição da cidade de Eneias. Não há agora entranhas equestres, nem mil artimanhas odisseicas que salvem aquele país duma verdadeira tragédia à sua maneira clássica.

Também os filhos de Luso estão agora sob fogo da Troi(k)a! A que se deverá? Talvez se deva ao engenhoso Ulisses, que terá fundado a nossa urbe Ulissiponense, depois de ter contribuído para a destruição de Troia. Além disso, também ele suportou, durante anos, a fúria de Neptuno, enfrentando os obstáculos do mar, que o povo lusitano repetiu há cinco séculos atrás. Aquele herói enfrentaria hoje, não Cila e Caríbdis, não Polifemo ou qualquer tipo de feiticeira Circe, não o cão guardião do Hades, mas outros monstros mais poderosos como o novo cerberus de três cabeças (FMI, BCE e CE), o atual grifo ou centauro “Merkosy”, o Polidéfice, o Jardinguém e outros tantos circicranos, que transformam o comum dos “marinheiros”, não em porcos, mas em “bananas”… No entanto, aquele herói homérico enfrentaria também grandes tempestades… Não necessitaria de consultar oráculos acerca do destino deste país, pois todos veem naufrágios certos, causados por ninfas governativas, que nos “comerão” e afundarão, quer oiçamos o seu pérfido canto, ou o coloquemos a um canto.

As terras romanas, fundadas pela geração de Eneias, também já estão a ferro e fogo do Cerberus atual; esse protagonista da Eneida fugiu da Troia que foi destruída pelos gregos; agora a nova Troi(k)a vem destruir, não só os gregos e latinos, mas também todos os que beberam “a água do Parnaso”, isto é, todos os que se inspiraram na poesia e cultura desse país onde está situado esse monte. É irónico vermos o berço da democracia, da cultura e da civilização ser atacado com tanto desdém.

Como é que esta história acaba? Uns dirão que andaremos mais uns anos como Ulisses a navegar sem rumo certo, outros continuarão a culpabilizar a ninfa Calípsocras, outros ainda auguram que está para chegar uma nova perestroika, outros, por fim, acham que o salvador será D. Sebastião, “quer venha, ou não”…


Luís Reis



1 comentário:

Equipa da Biblioteca ESLA disse...

Adorei o artigo ... parabéns!!!