Choi Xooang
Ano hebdomático metafísico
A húbris hebetística contemporânea amodorra-nos em utopias misantrópicas e nostalgicamente a nossa natureza metamorfoseia-se em sadismos funestos, face ao impasse hílare do cumprimento superegóico de leis impostas e que caraterizam a vanguarda de uma subversão epifenoménica.
As dissonâncias cognitivas proliferam e a logorreia, tão própria das elites pseudo-intelectuais, justificam a conversão da tragédia em atos de culpabilização e humilhação.
Do nosso promontório, os truísmos estrénuos e o nosso livre-arbítrio funcionam como um gesto espúrio de consentimento e opressão do outro, neurasténicos hebefrénicos que enlevam a prosternação eternizada no sofrimento heterónomo e próprio do nosso narcisismo patológico e paranóico.
Estão assim criadas as condições de uma nova religião salvadora de todos os nossos pecados, incluindo o pecado original: a “Pedo-Obsessão”, ou seja, um messianismo sem messias, tuguricamente convertido num autocratismo sublimado na descendência autorizada da sociopatia e eugenia dos progenitores.
Já não precisamos de Midas, nem de anacoretas, nesta nova religião mitológica – a nova Gaia -, o ser omnipotente que somos não resulta da união de três pessoas em uma única divindade, mas de duas – uma mente doentia e um espírito do mal.
Neste período hebdómado, a efígie hipertímica e voluptuosa que agora somos, só não consegue resolver o paradoxo da eleição forçada e dilacerante, tão próprio do nosso pariato: a escolha entre o cavalo de D. Quixote ou o burro de Sancho Pança.
Inês Aguiar
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