segunda-feira, 16 de abril de 2012

A BE e a colaboração no jornal "100 Comentários"

Gustave Moreau

“O declínio de Édipo”


As eclusas antinómicas da razão defesas das reivindicações narcisistas não permitem qualquer mediação evanescente da vontade ôntica que se deseja fundamentalmente a si mesma. As endoxas metamorfoseiam-se em cenosidades obtusas, próprias de um tardigradismo intelectual indigente despojado de significado, panegírico da metonímia do vazio.

A perlaboração escópica de um sujeito não integrado na lei paterna transubstancia as segundas luzes iluministas e a pletora dos exutórios androcentricos tornam pregnante a “ate” grega. Nesta nova era, o conflito das diferentes visões ideológicas que competem pelo poder (os subsidiodependentes) é suprido pelos tecnocratas iluminados e esclarecidos, numa elegia da indecidabilidade, sem pundonores, próprio da escuma humana desontologizada.

As inépcias teológicas desedificadas do pecado original consubstanciam-se num novo pecado original – o da economia financeira -, face à eficiência simbólica política cínica, simulacro espectral de um apriori patológico despolitizado e onanizado.

A existência rizomática e primígena turificada no fantasma sadiano da imortalidade do corpo, da lei kafkiana e do super-homem de Nietzsche permitem vislumbrar, de forma asséptica, a derrisão e forclusão da nossa esfera ôntica, ou seja, o modo partilhado de desentificação ontológica.

Como nos diz Lacan: “O verdadeiro objectivo do desejo é realizado no seu repetido fracasso para poder realizar a sua finalidade.” Sem porfias, também eu defendo a auto-subsunção adiáfora.

Inês Aguiar

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