Gustave Moreau
“O declínio de Édipo”
As eclusas antinómicas da razão defesas das reivindicações narcisistas não permitem qualquer mediação evanescente da vontade ôntica que se deseja fundamentalmente a si mesma. As endoxas metamorfoseiam-se em cenosidades obtusas, próprias de um tardigradismo intelectual indigente despojado de significado, panegírico da metonímia do vazio.
A perlaboração escópica de um sujeito não integrado na lei paterna transubstancia as segundas luzes iluministas e a pletora dos exutórios androcentricos tornam pregnante a “ate” grega. Nesta nova era, o conflito das diferentes visões ideológicas que competem pelo poder (os subsidiodependentes) é suprido pelos tecnocratas iluminados e esclarecidos, numa elegia da indecidabilidade, sem pundonores, próprio da escuma humana desontologizada.
As inépcias teológicas desedificadas do pecado original consubstanciam-se num novo pecado original – o da economia financeira -, face à eficiência simbólica política cínica, simulacro espectral de um apriori patológico despolitizado e onanizado.
A existência rizomática e primígena turificada no fantasma sadiano da imortalidade do corpo, da lei kafkiana e do super-homem de Nietzsche permitem vislumbrar, de forma asséptica, a derrisão e forclusão da nossa esfera ôntica, ou seja, o modo partilhado de desentificação ontológica.
Como nos diz Lacan: “O verdadeiro objectivo do desejo é realizado no seu repetido fracasso para poder realizar a sua finalidade.” Sem porfias, também eu defendo a auto-subsunção adiáfora.
Inês Aguiar
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