Iniciar a vida ativa????? Como?????
Que características deve um jovem ter para arranjar
emprego?
30/09/2014 - 07:54
Responsabilidade, disponibilidade para aprender,
pró-actividade e iniciativa, motivação e vontade de trabalhar em equipa são as
competências sociais e transversais mais valorizadas pelos empregadores. Estas
são algumas das conclusões do estudo que é apresentado nesta terça-feira.
NELSON GARRIDO
Estudo quer contribuir para a redução do desemprego
jovem em Portugal.
Para os empregadores, responsabilidade
não é só chegar a horas. É avisar quando se tem de faltar, justificar, pedir
autorização, devolver chamadas não atendidas, cumprir prazos ou avisar com
antecedência quando não for possível, “demonstrar brio profissional”. Este
conceito de responsabilidade é, segundo uma investigação da TESE - Associação
para o Desenvolvimento apresentado nesta terça-feira, a competência social e
transversal mais valorizada pelos empregadores.
O estudo cita o relatório Educação para o Emprego: Pôr a Juventude
Europeia a Trabalhar, da consultora McKinsey & Company, divulgado este
ano, segundo o qual três em cada dez empregadores portugueses afirmam não estar
a preencher as vagas na totalidade por não encontrarem candidatos com as
competências que procuram. E elas são, segundo a investigação da TESE, no que
toca às competências sociais e transversais e depois da responsabilidade, a
disponibilidade para aprender, a pró-actividade e iniciativa, a motivação e o
trabalhar em equipa.
Intitulado Faz-Te ao Mercado: Estudo sobre o (Des)Encontro entre a
Procura e a Oferta de Competências no Mercado de Trabalho e a sua Relação com a
Empregabilidade Jovem, o estudo tem como público-alvo os jovens entre os 15
e os 30 anos. A TESE, que é uma organização não-governamental que, entre
outros, promove projectos na área da empregabilidade jovem, centrou-se nas
competências sociais e transversais - as características dos jovens, a “forma
de ser”, os comportamentos - e não nas técnicas.
As conclusões mostram que, para os responsáveis pelos recursos humanos, a
responsabilidade é a mais valorizada – é escolhida como uma das cinco
principais por 61,1% e como a mais importante por 41%.
No top 5 está ainda a “disponibilidade para aprender” -
45,8% dos empregadores destacam-na e 30% apontam-na como a mais importante. O
que é? É “querer desenvolver mais as capacidades e conhecimentos”, procurar “feedback para
melhorar”. É aceitar “com entusiasmo” uma tarefa que, mesmo indo “além” da
formação do jovem, é encarada como “uma oportunidade para se desenvolver”.
Já pró-actividade é escolhida como uma das cinco principais por 51,4% dos
empregadores e como a mais importante por 19%. É a “capacidade de iniciar
actividades e desenvolvê-las sem que alguém peça; ir à procura de desafios novos;
ser autodidacta”. É terminar uma tarefa e procurar “junto do chefe ou colegas
outra coisa em que possa prestar apoio”.
A motivação é destacada por 38,9% como uma das cinco mais importantes e
como a mais relevante por 29%. Trata-se de “estar entusiasmado com o trabalho
que está/quer fazer”, de ter “objectivos definidos” e “capacidade de
ultrapassar obstáculos e frustrações”.
O trabalhar em equipa foi incluído no top 5 por 45,8% dos
empregadores, surgindo como primeira opção para 1%. Consiste, entre outros
aspectos, em “conseguir gerir o relacionamento e conflitos com os outros, saber
comunicar bem”.
Quanto à perspectiva dos jovens, a investigação destaca três escolhas –
responsabilidade, motivação e pró-actividade e iniciativa. 58,8% entendem que a
responsabilidade é uma das competências sociais e transversais mais importantes
e 32,8% apontam-na como a mais importante. A motivação é considerada uma das
mais relevantes para 39% dos jovens e como a mais importante para 40,6%. A
pró-actividade é realçada por 42,4% e para 17,8% é a mais importante.
É no trabalho em equipa e na resiliência que há mais “desencontros” entre a
perspectiva dos empregadores e a dos jovens – a primeira competência foi
escolhida por apenas 31,9% dos jovens e a segunda por 26,1% (apesar de a
resiliência não estar no top 5 dos empregadores, ela foi considerada importante
por 42%). A investigação da TESE permitiu ainda identificar que, “em quase
todas as competências, são as avaliações dos jovens que nunca trabalharam que
mais se aproximam das avaliações dos empregadores”. E que há “lacunas ao nível
do autoconhecimento dos jovens”, isto é, consideram que têm mais competências
do que a avaliação feita pelos empregadores.
Pontes com mercado
Na pergunta “Que tipo de preparação para o mercado de trabalho é feita pelas instituições de ensino?”, a investigação permitiu verificar que “faltam pontes com o mercado de trabalho” e que há “lacunas ao nível das experiências práticas ao longo do percurso formativo”. Por exemplo, numa escala de 1 a 5, os recursos humanos consideram que, na formação dos jovens, os “conhecimentos práticos” estão no nível 2,58 e a atenção dada às “necessidades do mercado” no patamar 2,83.
Na pergunta “Que tipo de preparação para o mercado de trabalho é feita pelas instituições de ensino?”, a investigação permitiu verificar que “faltam pontes com o mercado de trabalho” e que há “lacunas ao nível das experiências práticas ao longo do percurso formativo”. Por exemplo, numa escala de 1 a 5, os recursos humanos consideram que, na formação dos jovens, os “conhecimentos práticos” estão no nível 2,58 e a atenção dada às “necessidades do mercado” no patamar 2,83.
Nos documentos disponibilizados pela TESE, considera-se ainda que o sistema
de ensino revela “pouca capacidade” para “preparar os jovens para a entrada no
mercado de trabalho” e as autoras deixam algumas sugestões: “introduzir mais
experiências práticas e de formação em contexto de trabalho”; “criar pontos de
ligação entre as universidades e as empresas” e “assegurar uma maior adequação
dos currículos às necessidades do mercado de trabalho”. Às instituições de
ensino, aconselha-se ainda o “afastamento dos processos de estandardização do
ensino e da formação dos currículos que não explora as potencialidades de cada
indivíduo”.
Outras recomendações passam por “reforçar o autoconhecimento” dos jovens,
apostar em “programas de mentoria, de desenvolvimento de talentos e de
competências, dentro e fora do sistema de ensino”. Nas empresas, as autoras recomendam
“um melhor acompanhamento das primeiras experiências profissionais” e dar
mais feedback aos jovens. Quanto às políticas e medidas
públicas de incentivo ao emprego jovem, como por exemplo estágios
profissionais, recomenda-se “o bom acompanhamento dos estagiários”.
Já os jovens devem “apostar na diversificação e expor-se a diferentes
experiências extra-escola”. Exemplos: “experiências de mobilidade
internacional”, de voluntariado, entre outras. São “altamente valorizadas pelos
empregadores”, alertam as autoras.
A directora-executiva da TESE, Helena Gato, lamenta que, em Portugal, haja
uma “elite” com mais capacidade para investir nestes tipo de competências e que
o ensino público não invista mais nelas. Alega que continua a haver famílias
com mais capacidade para suportar actividades ou programas no estrangeiro, o
que não assegura as mesmas “oportunidades” a todos.
Em www.fazteaomercado.org, estarão disponíveis o
estudo, as recomendações e um guia para os jovens. Nesta terça-feira, haverá
ainda workshops sobre estas temáticas, dirigidos a jovens, numa
iniciativa que contará com a presença do secretário de estado do Emprego,
Octávio Oliveira.
O trabalho foi feito pela TESE (investigadoras Ana Oliveira e Rita Silva
e coordenado por Helena Gato) e incluiu contributos de 434 jovens, 10
instituições de ensino superior privadas, públicas e ensino profissional, 84
empresas empregadoras e quatro entidades da sociedade civil que trabalham a
empregabilidade jovem. Feito entre Dezembro de 2013 e Janeiro de 2014, foi
financiado pelo Programa Operacional de Assistência Técnica do Fundo Social
Europeu e pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional
Sem comentários:
Enviar um comentário