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Aumentam os casos depressivos relacionados com as
redes sociais
LUSA
12/10/2015 - 13:36
Perda de fronteiras entre a vida privada e pública,
nas redes sociais, levanta questões éticas.
O director do Serviço de Psiquiatria do
Hospital Gaia/Espinho afirmou esta segunda-feira que os casos depressivos que
decorrem da desilusão e da decepção causadas pelas expectativas defraudadas do
mundo virtual, por oposição ao mundo real, estão a aumentar progressivamente.
"Actualmente são cada vez mais
frequentes episódios de ansiedade, depressão, stresse, fenómenos de dependência
e de desenvolvimento de novas perturbações, associadas ao uso das novas
tecnologias e do fácil acesso a redes sociais", sustentou Jorge Bouça, que
falava a propósito das VIII Jornadas de Saúde Mental, sob o tema "A
Psiquiatria e a Saúde Mental - Entre as Redes Neuronais e as Redes
Sociais".
Organizado pelo Serviço de Psiquiatria
do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E), o encontro visa
debater o impacto que as redes sociais e as novas tecnologias têm no
comportamento das pessoas, assim como nas suas relações pessoais e em
grupo. "A esfera digital e virtual tornou-se um catalisador de novas
formas de voyeurismo e exibicionismo, acentuando efeitos de imitação de
comportamentos autodestrutivos nas camadas mais jovens, como a automutilação e
o suicídio", afirmou o especialista.
Segundo Jorge Bouça, a perda de
fronteiras entre a vida privada e pública a que assistimos nas redes sociais,
através da publicação de conteúdos e imagens íntimas, levanta questões éticas
que serão debatidas nas jornadas. Outros temas como a radicalização, a
violência e o apelo a causas "purificadoras" como o jihadismo serão
também abordados.
Nos dois dias do encontro
"pretende-se reflectir e lançar pistas sobre a interacção entre a
psiquiatria enquanto ciência médica, as emoções, o comportamento e o contexto
social e humano onde se desenvolve o indivíduo", sublinhou o psiquiatra.
Ainda associada às mais recentes
interações com a tecnologia, a forma como o nosso cérebro reage ao excesso de
utilização das mesmas, impedindo o descanso e tornando-se causa inevitável de
stresse, será também um dos pontos em análise, num momento em que os estudos
científicos nesta área "ainda dão os primeiros passos".
A discussão alargar-se-á tematicamente,
envolvendo um estudo efectuado por profissionais do CHVNG/E, onde se analisa a
utilização de termos do campo lexical da saúde mental nos media portugueses,
nomeadamente a incidência da palavra esquizofrenia, "que tem vindo a ser
utilizada de forma depreciativa nos últimos 10 anos, levando a uma maior
estigmatização quer do termo, quer da doença", referiu Jorge Bouça.
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