in: http://www.msn.com/pt-pt/saude/familyhealth/iphone-com-regras/ar-AAeX9ko
iPhone com regras
buzina@motorpress.pt (Motorpress Lisboa)há
5 dias
Para quem tem filhos adolescentes, “iRegras – Como
educar o seu filho na era digital” (edição Pergaminho), de Janell Burley
Hofmann, constitui provavelmente um dos livros mais úteis editados nos últimos
tempos. Um verdadeiro manual, brilhante e pedagógico, com regras, mas também
com humor e sentido prático. Além de muitas ideias para dialogar e aprender a
lidar com as novas realidades introduzidas pelo mundo digital e pelas redes
sociais, que deixam pais e educadores desorientados.
“As ‘iRegras’ ajudam o leitor e a sua família a criar
uma relação saudável com a tecnologia utilizada dentro e fora de casa”,
sublinha a autora, que é jornalista (colabora com o Huffington Post e a
National Public Radio, entre outros media), conferencista e consultora.
Tudo começou quando Janell aceitou dar um iPhone a
Gregory, o mais velho dos seus cinco filhos, quando este tinha 13 anos. Mas
fê-lo assinar um contrato com as “iRegras”, incluindo algumas inegociáveis como
“saberei sempre a palavra-passe”.
Janell escreveu sobre este contrato no Huffington Post
e inesperadamente as regras tornaram-se virais com a autora a ver-se solicitada
em catadupa pelos media americanos. Dado o interesse global do tema, foi
convidada a escrever o livro agora editado entre nós, onde partilha o contrato
mas também bastante da sua vida familiar e as “tecno-conversas” em particular
com o filho Gregory – que agora já consegue desligar o telemóvel um pouco mais
tarde do que o referido nas “iRegras”.
Em entrevista à Pais&filhos, Janell fala das
reações que tem obtido, bastante positivas, e de como é importante que os
adultos comecem a dar o exemplo, desligando-se mais da internet e dos
dispositivos móveis.
Que tipo de reações obteve com o seu
livro e quem reagiu mais: os adultos ou os adolescentes?
Janell Burley Hofmann: O feedback que recebi
dos leitores foi essencialmente que “iRegras” é um guia muito prático, um guia
da “vida real” em termos de parentalidade tecnológica. Um dos meus elogios
favoritos é o de que ler “iRegras” se assemelha a que o leitor esteja sentado
comigo a beber café ou vinho enquanto falamos de educação e parentalidade.
Adoro que o livro atraia tanto adultos como crianças e adolescentes e que tenha
impacto em toda a família. Acho que os pais gostam das ferramentas, questões e
exemplos que são apresentados e as crianças e adolescentes gostam de ter
conversas profundas comigo sobre o livro e os princípios que ele integra.
A regra “falar mais pessoalmente” é
óbvia mas esquecemo-nos dela. Estaremos a ser maus modelos para as crianças?
JBH: Sem dúvida que uma das
preocupações mais comuns que ouço de crianças e adolescentes é que não são
apenas eles que estão online durante as refeições, à hora de deitar ou a
qualquer outro momento – queixam-se de que os pais também fazem isso. Acho que
é importante que todos olhemos para a forma como usamos a tecnologia, incluindo
nós adultos. Acho que todos podíamos beneficiar de mais equilíbrio, mais tempo
para pensar, para imaginar, para criar, mais ligação com as pessoas que são
importantes para nós e até para estabelecer ligação com novas pessoas!
Já lhe pediram para escrever “iRegras”
para adultos?
JBH: Adoraria escrever um livro para
todos os adultos. Porque a tecnologia tem impacto sobre todos nós, podemo-nos
identificar e todos temos histórias, ideias e preocupações também. Acho que é
importante que todos tenhamos esta discussão porque a tecnologia já faz parte
agora das conversas sobre saúde e bem-estar. E todos precisamos de definir
“saúde tecnológica” para nós próprios e trabalharmos para atingir esse
objetivo.
Como reagiram os seus filhos depois do
livro ser publicado, em particular Gregory?
JBH: Enquanto eu estava a
escrever, pedi-lhes sempre a opinião, bem como a permissão para partilhar
histórias sobre as nossas vidas. Eles estão muito familiarizados com o conteúdo
do livro. Têm orgulho no meu trabalho e claro que me gozam quando sou eu a
utilizar tecnologia demasiado tempo. A minha filha Lily diz: “Mãe, mantém os
olhos para cima!”. Gregory é um grande recurso para mim porque falamos muito
sobre o impacto social e cultural da tecnologia. Ele transmite-me conhecimentos
e informações que eu não teria necessariamente se não vivesse e comunicasse com
um adolescente.
Durante as suas conferências,
apercebe-se de que há pessoas a aplicarem as suas “iRegras” com os filhos?
© D.R. iPhone com
regras
JBH: Vejo as “iRegras” a funcionarem
para muitas famílias por que não é apenas uma forma de parentalidade. Pode
criar limites que funcionam para si enquanto indivíduo, como profissional, na
escola ou no seu próprio lar. Recentemente adicionámos um criador de “iRegras”
para as famílias testarem elas próprias em http://www.irules.co/.
Qual é o seu próximo projeto escrito?
JBH: Tenho muitas ideias,
mas não tenho um plano definido. Adorava fazer mais trabalho com o movimento
Slow Tech (que criou e que defende um equilíbrio entre a tecnologia e a
interação humana). Apesar da tecnologia ser tão nova e excitante e de haver
muito para celebrar, vejo também que existe a necessidade de equilíbrio, de um
uso com sentido da tecnologia em casa, nas escolas e enquanto indivíduos. Mas a
mensagem do livro “iRegras” ainda está a espalhar-se e as estratégias que me
deixam mais entusiasmadas são as ferramentas para ajudar as famílias a
comunicar melhor e a compreenderem-se mutuamente. Ainda há muito trabalho a
fazer nessa área.
Usa as redes sociais diariamente?
JBH: Sim, uso Facebook, Twitter e
Instagram diariamente porque adoro estar ligada com os meus leitores, partilhar
o que aprendo e histórias sobre a minha família. Adoro como consigo estar em
contacto com pessoas de todo o mundo. Aprendo imenso com o que os outros
partilham também. E adoro fazer parte do debate global sobre tecnologia,
juventude, família e cultura. As redes sociais ajudam realmente nisso.
Qual será a influência de toda esta
tecnologia na geração futura?
JBH: A próxima geração estará
brevemente a liderar o mundo e não há dúvida nenhuma de que a tecnologia será
parte dele. Agora é a altura de lhes ensinar a usar a tecnologia pelo seu lado
mais positivo, com objetivos e com cuidado. Desta forma, as possibilidades para
crescimento, para mudança e para construir uma comunidade global saudável são
ilimitadas.
Regras do contrato
De um total de 18 regras, estas são as primeiras do
contrato que Janell acordou com o filho Gregory:
O telemóvel é meu. Fui eu quem o
comprou. Fui eu quem o pagou. Estou a emprestar-te. Não sou o máximo? Eu
saberei sempre a palavra-passe.
Se tocar, atende. É um telefone.
Diz “estou” com educação. Nunca ignores uma chamada quando aparecer no ecrã
“Mãe” ou “Pai”. Jamais.
Entrega o telemóvel ao pai ou à
mãe às 19h30 nos dias de semana e às 21h aos fins de semana. Ficará desligado
de noite e será ligado outra vez às 7h30. Se não queres ligar para um telefone
fixo porque os pais dessa pessoa podem atender primeiro, também não ligas do
telemóvel nem mandas SMS.
O telemóvel não vai para a escola contigo. Faz
conversa com as pessoas a quem mandarias SMS. É uma aptidão para a vida.
Se cair na sanita, se se desfizer
no chão ou se se esfumar no ar, tu és responsável pelo custo de substituição ou
reparação. Faz um biscate, guarda dinheiro dos aniversários. Vai acontecer, por
isso deves preparar-te.
Não uses esta tecnologiapara mentir, enganar ou tramar
outro ser humano.
Não envies mensagens de telemóvel, não envies
mensagens de correio eletrónico, não digas nada por este dispositivo que não
dissesses ao vivo e em pessoa.
Nada de pornografia. Pesquisa na web
por informações que partilharias comigo abertamente. Se tiveres dúvidas
pergunta a alguém de preferência a mim ou ao pai.
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