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De 2014 mas muito atual
Sobre o
fanatismo do futebol
Por Pedro Reis
19 Dezembro
2014 - 20:14
No passado
Domingo o Benfica foi ao Estádio do Dragão vencer o F.C Porto. Não foi preciso
muito tempo para que este resultado desportivo inundasse as redes sociais
com discussão e polémica: desde o benfiquista provocador que não hesitou
em gabar-se do resultado da sua equipa, ao portista indignado que
respondeu com argumentos a relembrar resultados passados, até ao
sportinguista insatisfeito com a satisfação alheia.
Ontem, o processo inverteu-se e, desta feita, foi o
Benfica a perder no seu próprio estádio, diante do Sporting de Braga, com
o impacto nas redes sociais a ser semelhante.
Antes de mais, é preciso termos em conta que o futebol
é um desporto e, como tal, deveria conter em si um fim saudável, seja para
quem o pratica, seja para quem o acompanha. Contudo, também é importante
referir que não podemos deixar de considerar que é um desporto que
movimenta imensa gente, que desperta paixões e mexe com os sentimentos dos
seus seguidores. À maioria dos seus adeptos está intrínseca uma paixão
pelos seus clubes que, em grande parte das vezes, resulta num certo
fanatismo que retira toda a lucidez em volta da sua discussão, levando os
mesmos a caírem em atitudes e acções completamente irracionais. Perante
isto, e tendo em conta aquilo que é o futebol moderno, subjugado a
factores como interesses particulares e financeiros, onde o gosto pelo
desporto em si é muitas vezes relegado para segundo plano em detrimento
desses mesmos factores, é importante questionarmo-nos: será que as
atitudes que tomamos em nome do futebol são justificadas? A resposta
parece-me algo óbvia.
Hoje em dia, é rara a jornada futebolística em que os
resultados não criam polémica nas redes sociais (e não só), gerando
discussões que resultam muitas vezes em acusações e insultos sem qualquer
fundamento lógico. Mas, mais do que isto, o futebol tem a capacidade de conseguir
alienar completamente quem o vive fervorosamente. Não consigo deixar de
notar, com grande tristeza, o impacto que uma vitória/derrota de
um Benfica, Sporting ou Porto têm na opinião pública, comparativamente a
assuntos políticos que condicionam a vida de cada um de nós.
No século XIX, Karl Marx considerava que “a religião é
o ópio do povo”. Apesar de podermos considerar que, em parte, ainda o
continua a ser, não posso deixar de reparar num sentimento idêntico
relativamente ao futebol. O resultado revela-se num fanatismo que nos
distrai de assuntos de maior importância, e nos leva a
comportamentos completamente desprovidos de racionalidade, como que de uma
espécie de cegueira se tratasse. Citando José Saramago, “Penso que não
cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não
vêem”.
{loadposition inline}Não quero com isto censurar quem
é adepto de futebol. Eu próprio me considero como tal, e vibro com o
futebol. Mas parece-me importante fazer uma clara distinção entre gosto e
fanatismo, sobretudo numa altura em que este desporto se encontra cada
vez mais afastado daquilo que deveria representar enquanto tal. Acima de
tudo, parece-me de extrema importância mudar a forma como vemos o futebol,
sendo necessário condenar atitudes que, em nome do mesmo, continuam a
condicionar a discussão pública, reflectindo-se em comportamentos que em
nada contribuem para a cidadania, e que pelo contrário apenas prejudicam a
nossa condição enquanto cidadãos racionais.
in: http://ptjornal.com/sobre-o-fanatismo-do-futebol-28177
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