Mochilas pesadas? Pais e directores de escolas defendem livros digitais
Mais de
27.000 pessoas já assinaram uma petição contra o peso das mochilas escolares.
LUSA
7 de
Fevereiro de 2017, 15:06
“Eu todos os dias recebo os meus alunos
à entrada da aula e por vezes pego nas mochilas e são pesos descomunais",
diz director escolar NUNO FERREIRA SANTOS
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Pais e directores de escolas defendem que o ideal seria a aposta nos livros
digitais para aliviar o peso nas mochilas dos alunos, mas até lá dizem que o
aumento do número de cacifos nas escolas já ajudava.
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Mais de 27.000 pessoas já assinaram uma petição contra o peso das mochilas
escolares, um número que agrada aos promotores, satisfeitos com a preocupação
já manifestada pelos partidos e pelos livreiros, que se mostraram disponíveis
para ajudar na solução.
Em declarações à agência Lusa, o actor José Wallenstein, um dos promotores
da iniciativa, manifestou agrado com o aumento exponencial de assinaturas nos
últimos dias de uma petição que arrancou a meio de Janeiro com o
objectivo de atingir as 20.000 assinaturas para ter “alguma dimensão” quando
entrar na Assembleia da República.
“Foi excelente este aumento e foi excelente a preocupação manifestada pelos
partidos que já vi nalguns jornais”, disse Wallenstein, que pretende agora
confirmar que todas as assinaturas estão recolhidas segundo as regras, para que
nada falhe aquando da entrega no Parlamento.
“Era importante avançar para o digital. Estamos numa época tão à frente
(...) que era importante dar o passo para o livro em formato digital”, defende
Filinto Lima, da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos de Escolas
Públicas (ANDAEP), que reconhece que as escolas já têm algumas estratégias para
aliviar o peso que os alunos carregam todos os dias. “Os cacifos — embora não
haja na maior parte das escolas —, para que o aluno não ande todo o tempo a
carregar a mochila, o facto de nós, os directores, sempre que possível darmos
uma sala à turma para que o aluno quando sai para o intervalo não traga a
mochila e também [o facto de] o professor pedir aos alunos o material
estritamente necessário para a sua aula” são alguns exemplos, disse.
“Eu todos os dias recebo os meus alunos à entrada da aula e por vezes pego
nas mochilas e são pesos descomunais, sobretudo ao nível dos mais pequenos, que
têm medo de ter falta de material. Acho que devemos ter cuidado com a saúde dos
nossos alunos”, sublinhou Filinto Lima, para quem o problema maior se coloca no
5.º e 6.º ano.
Mochilas com rodinhas
são caras
Dotar as escolas de mais cacifos e fazer pedagogia para tentar que os
alunos usem mais vezes as mochilas com rodinhas, para não carregarem o peso,
são outras das sugestões do responsável da ANDAEP, para quem o ideal era o
avançar com o livro digital.
A Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP) concorda que o
livro digital era a solução ideal, mas quanto às mochilas com rodinhas diz que
não são o mais aconselhável: estas mochilas com rodas “não têm exactamente as
medidas das crianças. Também não estou a ver crianças com 12, 13 e 14 anos a
andarem de troley, tal qual andam os juristas para os tribunais, até porque
esses troleys não têm um preço assim tão acessível para todas as famílias”,
disse à Lusa Jorge Ascensão, da CONFAP.
“O suporte digital, a criação de cacifos para que os alunos possam deixar
um conjunto de materiais que não é necessário transportarem diariamente para
casa, a par de um modelo de trabalho que também pode ser mais eficaz” são foras
de “minimizar muito este problema”, acrescentou.
Para o responsável, “era preciso uma escola diferente da que tínhamos há 20
anos, não só em termos pedagógicos, mas organizativos”. “Chegamos agora a ter
os miúdos com 13 disciplinas, o paradigma mudou, e bem, mas o modelo é o mesmo.
Temos de mudar o modelo de funcionamento das escolas, percebemos as
condicionantes, mas é possível fazer diferente.” Tanto a CONFAP como os
directores das escolas apoiam a petição contra o peso das mochilas.
Numa nota enviada hoje às redacções, a Associação Portuguesa de Editores e
Livreiros manifesta-se solidária com esta preocupação e diz que os editores
escolares “têm investido bastante na procura das melhores soluções no que diz
respeito aos manuais”.
A petição é subscrita por especialistas em ortopedia, médicos fisiatras, a
Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia, a Sociedade Portuguesa de
Patologia da Coluna Vertebral, Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de
Reabilitação e pela Confederação Nacional das Associações de País, entre outras organizações.
Os autores pedem urgência na resolução do problema e propõem, entre outras medidas,
que se legisle no sentido de definir que o peso das mochilas escolares não deve
ultrapassar os 10% do peso corporal das crianças, tal como sugerido por
associações europeias e americanas.
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