A violência não é uma forma de amar
Amar é cuidar. Amar é tratar bem. É
elogiar, é acompanhar, é ser carinhoso. É estar ao lado nos bons e maus
momentos. É ser feliz. Por isso, a violência não é uma maneira de expressar o
amor que se sente por alguém e os ciúmes não são desculpa para atos violentos.
Namorar é bonito e não deve ser estragado por comportamentos que não combinam
com uma relação de amor. Na próxima quarta-feira, é Dia dos Namorados.
Gritar, chamar nomes pouco simpáticos,
apontar defeitos e falhas dia após dia, controlar a roupa que se veste ou os
amigos que se tem, aceder às redes sociais sem permissão, são atos violentos
que não combinam com o amor.
Saber dizer não
A violência no namoro, como toda a
violência, tem por base o controlo, o poder, o domínio, como explica Daniel Cotrim,
psicólogo para as áreas de violência doméstica, de género e igualdade e
assessor técnico da direção da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV).
“Quem não nos respeita, quem não nos trata bem, não gosta de nós e não nos
merece”, afirma.
A privacidade é um bem precioso e, por
exemplo, não deves dar acesso às tuas contas nas redes sociais. “É fundamental
aprender a dizer não quando não nos sentimos bem, quando estamos a ser privados
de liberdade”, diz Daniel Cotrim. “Não deixar que alguém controle alguém”,
acrescenta.
Perceber que se é vítima de violência no
namoro não é fácil. Mesmo que custe compreender que alguém que amamos seja
capaz de fazer mal e magoar, é muito importante contar o que se sente.
Partilhar sentimentos, pedir ajuda ao pai, à mãe, a um professor, a um adulto
em quem se confie. Confiar é uma forma de proteção.
Violência
social
O teu namorado (ou tua namorada) costuma humilhar-te, envergonhar-te ou dizer mal de ti quando há mais gente à volta, especialmente quando estão presentes os teus amigos e familiares? Já não podes conviver com a tua família ou com os teus amigos como gostarias? O teu telemóvel é confiscado e controlado? O teu email e o teu Facebook são consultados sem a tua autorização? Fotos e mensagens são partilhadas sem a tua autorização? Tudo isto é violência social. Não é amor.
Violência
psicológica
Não podes vestir determinada peça de roupa, não podes estar à vontade com os teus amigos. Controlar a tua maneira de vestir, o que fazes nos tempos livres ou ao longo dia, ameaçar constantemente que se vai terminar a relação, são manifestações de violência psicológica.
Violência
física
Quando quem amas te empurra, te agarra, te prende, te bate. É violência sobre o teu corpo e que deixa
marcas emocionais. Se sentires que estás em
perigo, procura alguém de confiança ou um local seguro.
Violência
sexual
O amor manifesta-se de diferentes maneiras, mas, em momento algum, podes ser obrigado a fazer algo que não queres ou não te sentes à vontade. Forçar carícias ou atos sexuais sem que queiras é uma violência em qualquer circunstância, em qualquer parte do Mundo. O teu telemóvel deve ter contactos importantes a que possas ligar quando precisas de ajuda.
Sabias que…
A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima
(APAV) tem um número disponível (116 006) que presta ajuda. O apoio é gratuito
e confidencial, não é preciso dizer o nome.
Um estudo realizado pela UMAR – União de
Mulheres Alternativa e Resposta – mostra que a violência no namoro está
presente nos relacionamentos íntimos com 19% de atitudes de violência
psicológica, 15% de perseguição, 11% de atos de violência nas redes sociais,
10% de atitudes de controlo, 6% de violência física e sexual.
Nesse estudo da UMAR, há muitos jovens,
rapazes e raparigas, que consideram normais vários atos de violência no namoro.
Ou seja, há ainda quem não tenha a noção de que magoar, humilhar, intimidar,
fazer sofrer, não são atos violentos, que tudo isso não é amor.
Sara Dias Oliveira
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