terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

in: https://visao.sapo.pt/visaosaude/2020-02-04-deixar-de-fumar-novo-estudo-conclui-que-nunca-e-tarde-demais-gracas-a-batalhao-de-celulas-suplentes/


Deixar de fumar? Novo estudo conclui que nunca é tarde demais graças a batalhão de células suplentes

Já há uma imagem que mostra a nicotina a servir-se das células para reforçar dependência Getty Images
O estudo revela que deixar de fumar permite que as células danificadas sejam substitúidas por outras mais saudáveis. As condições em que o processo ocorre ainda não claras, mas promete dar uma nova esperança a quem achava ter atingido um ponto de não retorno
Segundo um novo estudo publicado na revista científica Nature, do Wellcome Sanger Institute e da University College London, os pulmões de ex-fumadores têm capacidade para se regenerar e assim reparar os danos de vários anos de vício. As condições em que este processo ocorre ainda não são claras, mas os investigadores sugerem que, após alguns anos de abstinência, o corpo cria um reservatório de células saudáveis prontas a atuar.
Já eram conhecidos os benefícios de deixar de fumar, mas o novo estudo promete dar nova esperança a quem pensava ter atingido o ponto de não retorno. “As pessoas que fumam muito há 30, 40 ou mais anos costumam-me dizer que é tarde demais para parar de fumar – o dano já está feito”, disse Peter Campbell, do Wellcome Sanger Institute, e coautor do estudo ao jornal britânico The Independent
Os investigadores examinaram células pulmonares de crianças, adultos que nunca fumaram, e de fumadores e ex-fumadores para procurar mutações no ADN. Os resultados demonstraram que, em comparação com não fumadores, 9 em cada 10 células pulmonares, de fumadores, sofreram milhares de mutações genéticas, e que um quarto dessas células tinha pelo menos uma mutação cancerígena. No entanto, nas amostras referentes ao grupo dos ex-fumadores, o grupo de cientistas descobriu que as células que foram em tempos geneticamente modificadas, tinham-se transformado, novamente, em células saudáveis, idênticas às do grupo dos que nunca tinham fumado.
“O que é mais empolgante no estudo é que ele mostra que nunca é tarde para parar – algumas pessoas do nosso estudo fumaram mais de 15 mil maços de cigarros ao longo da vida, mas, poucos anos depois de deixarem, muitas das células que revestem as vias aéreas não mostraram evidências de danos causados pelo tabaco”, disse Campbell ao mesmo jornal.
Em declarações à Agence France-Presse, Campbell garante que este processo não acontece “por magia”, e que, “as células suplentes são aquelas que conseguiram escapar aos danos do tabaco”. “Se pudermos descobrir onde elas residem normalmente e o que as faz expandir quando alguém para de fumar, talvez tenhamos oportunidade de torná-las ainda mais eficazes na reparação “, acrescentou o investigador.

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