A solidão dos
tempos modernos
O
século XX foi o grande potenciador das inovações tecnológicas e da modernidade
no setor. De uma forma talvez demasiado repentina, tivemos de nos habituar a
viver e a estar rodeados de aparelhos e de conceitos que, outrora, se julgariam
inimagináveis.
Invenções
como o rádio, a televisão, o cinema foram marcos importantes no quotidiano de
pessoas com vidas monótonas, rotineiras e atitudes apáticas. As criações da
modernidade garantiram, desta forma, meios de comunicação e de informação que asseguraram
a companhia a muitos.
Enquanto
que, em tempos anteriores, a grande diversidade de meios de comunicação era
encarada enquanto bênção, com o decorrer dos anos, e com a passagem das
gerações, veio-se a provar uma quase que maldição. Efetivamente, o surgimento
de redes sociais, de plataformas de vídeo e de programas de entretenimento de
fácil acesso geraram uma solidão nunca antes sentida. Não se trata de uma
solidão física, mas de uma solidão mental, emocional: a solidão dos tempos
modernos.
É
seguro dizer-se que os novos meios de comunicação são ferramentas de grande
utilidade para a população atual, tendo em conta que se desenvolvem de acordo
com as necessidades da mesma. Porém, por muito benéfica que essa facilidade e
conveniência se mostre, dá lugar a uma dependência e a uma autossuficiência, a
meu ver, excessivas.
Atualmente,
é rara a procura de informação que não seja feita na Internet. Com todas
as respostas à distância de um clique, a relevância de um livro ou uma
interação com outra pessoa, para muitos, perde-se. Esta situação é
representativa de um sério problema enfrentado pela sociedade atual: o da falta
de comunicação pessoal. Esta escassez de interação e de convivialidade leva ao
marasmo e a uma atitude que conduz, não raras vezes, a uma solidão tremenda.
Do
mesmo modo, uma grande ameaça à sociedade de hoje em dia é a panóplia de redes
sociais e a partilha excessiva que nelas de dá. Este catálogo de plataformas de
partilha contribui ainda mais para a incapacidade da população de fazer uma
vivência plena e significativa. Esta obsessão pela vida alheia e a entrada num
ciclo vicioso de scrolls pode representar um travão na convivialidade e levar
a atitudes tendentes a uma menor sensação de realização pessoal e de superficialidade.
Na
minha opinião, a tecnologia atual está a tornar-se cada vez mais nociva para a
população geral. A facilidade e a conveniência oferecidas criam a ilusão de uma
felicidade passageira e efémera, que é uma arma contra a concretização pessoal.
Ao mesmo tempo que as inovações aproximam as pessoas que estão longe através de
uma simples mensagem, estas afastam, com a mesma rapidez, aqueles que se
encontram perto, fisicamente. É assustador, para mim, pensar no quão banal esta
situação se afigura para um considerável número de pessoas.
Em
guisa de conclusão, apraz-me dizer que, com a situação de pandemia em que
vivemos atualmente, a sociedade se começa a aperceber da necessidade do toque e
do contacto físico. Tenho esperança de que, de ora em diante, a interação
pessoal volte a ser valorizada e não seja tomada como garantida, já que só esta
parece ser a cura para a solidão emocional sentida.
Inês Reis
12ºF
Revisão e correção: Prof. Amélia Rocha
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