“ O ópio do povo”
De todas as idades de inocência da humanidade, esta é sem dúvida aquela que Osíris menos respeitaria, face ao aviltamento catastrófico da auto-hipnose política ideológica.
Os homicidas e uxoricidas políticos vicejam e a discussão partilhada da ideologia passou a ser um dogma institucionalizado, suprindo a alienação patológica redentora da religião.
Os novos encómios ortodoxos políticos são o comunismo, o capitalismo, o feminismo, o socialismo, agora designado de “socialismo dos prejuízos”, litania do utilitarismo negativo nas suas múltiplas facetas, mas, todos eles concebidos para voltar uma parte da humanidade contra a outra e, nesse sentido, quem detém o poder é bom e honesto, o outro é um perverso parasita da sociedade.
O ópio do povo deixou de ser a religião e passou a ser a política dogmatizada em verdades tiranas imutáveis ideológicas que permitem a institucionalização desta nova patologia. Estamos de forma velada exauridos de cepticismo, cinismo, sarcasmo e acrimónia face à desconfiança implacável, à negatividade astuciosa e à mundana energia denunciadora e, nem a pulsão dionisíaca da vida, nos permitirá a evasão doutrinária deste ciclo vicioso, petulante e resignativo.
Talvez seja “ um milagre não sucumbirmos por compreendermos tudo tarde de mais”. Sem disfemismos utópicos, já sucumbimos e o nó górdio desta idade da inocência é inexaurível, uma vez que só falta encontrar os responsáveis pelo anátema político distópico em que vivemos.
Inês Aguiar
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