quarta-feira, 15 de junho de 2011

O Poeta Mauro Maia

RUBROS AFLUENTES




O meu coração está mudo,

nem uma palavra dele sai

nem um suspiro se esvai

o Silêncio governa-me tudo.



Sinto as palavras em ebulição,

chocando ferozmente entre si.

Exigem sair, querem chegar a ti

mas perdem-se a caminho da mão.



«Que se passa?», pergunto-me eu.

«Onde estão os meus rios ferventes?»

Sei que a sua fonte não se perdeu,



sei que permanecem rubro-quentes.

É a tua imagem que em mim cresceu

os rios desviam-se e são de ti afluentes.



21/08/2010

Mauro Maia



FUGA



Se eu te pudesse escapar,

fugir dos teus abraços,

soltar-me e me afastar,

retirar-te os meus pedaços,



poder dançar num outro salão,

provar outros lábios abertos,

tocar outra cintura com a mão,

de outra ter meus olhos cobertos,



ficar zonzo com outro sorriso,

aquecer-me com outra cintura,

ter noutra tudo o que preciso,



viveria numa constante tortura

seria infeliz sem qualquer aviso

porque fugiria indo à tua procura.



10/11/2010

Mauro Maia




QUARTO ESCURO



O quarto está às escuras,

as janelas estão encerradas,

as luzes estão apagadas,

acabaram as emoções duras.



Somente o barulho da rua,

inconstante e indefinido,

treme o silêncio contido

mas a cama permanece nua.



Cobertores revirados no chão,

os lençóis em parte incerta,

eu a recuperar a respiração.



E tudo em solidão se coberta,

desejando o toque da tua mão.

Vem a mim, a porta está aberta!



20/11/2010

Mauro Maia



BANHO AGUARDO



Hoje acordei assim estranho,

perdido no meu escuro interior.

É um sentimento de tamanho,



sentimento longo e sem cor,

elefante em corpo de musaranho.

É algo sem tristeza e sem dor



prato de bronze sem estanho,

é luz do sol forte mas sem calor,

comichão funda que não arranho.



Levanto-me e sacudo o torpor

Preparo-me um relaxante banho

e aguardo que chegues, meu Amor!



12/12/2009

Mauro Maia
Aguardamos por mais poemas....


1 comentário:

Mauro disse...

Esla Biblioteca

Tinha a minha voz embargada,
a respiração em mim fenecida,
nada me chegava e via nada,
a face a nada era parecida.

Era borboleta num casulo,
e abelha no meu favo de mel,
abrigado dum Mundo maluco
que era Caim do meu Abel.

Nesta tormenta que é a Vida,
em trovões tornados constantes,
surge firme uma mão estendida:

quebrando o silêncio de antes,
a ESLA biblioteca renascida
floresce entre livros e estantes.