DANIEL SAMPAIO
Mobilizar os jovens
Alguns
pensam que os jovens de hoje apenas pretendem divertir-se, sem que mostrem
qualquer interesse em participar na vida do país ou aderir a um projeto
cultural ou social. Esta crença falsa contribui para formar a ideia de que os
jovens portugueses não se interessam por nada.
Não pensa assim a equipa Aventura Social, coordenada por Margarida Gaspar de Matos. Trata-se de um conjunto de investigadores que se dedicam à promoção da saúde dos jovens, através de estudos sobre os seus comportamentos e de acções mobilizadoras da sua participação no país.
Não pensa assim a equipa Aventura Social, coordenada por Margarida Gaspar de Matos. Trata-se de um conjunto de investigadores que se dedicam à promoção da saúde dos jovens, através de estudos sobre os seus comportamentos e de acções mobilizadoras da sua participação no país.
A última
iniciativa da Aventura Social chama-se Dream Teens e pretende mobilizar os jovens para
uma participação social e cívica, em matérias como a saúde e a intervenção
social. Esta boa ideia recebeu o apoio da Fundação Gulbenkian e o patrocínio da
Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde. Por gentileza dos organizadores,
fui escolhido como “Embaixador” deste projecto e pude participar na sua
primeira apresentação pública, que ocorreu em Lisboa em 22 de Novembro.
Através de
um processo que partiu de uma inscrição voluntária na Internet, foram
escolhidos 315 jovens, dos 11 aos 18 anos, que vão participar em dois eventos
em Lisboa, onde tornarão públicos os seus estudos e propostas de intervenção.
Um grupo mais pequeno constituirá um núcleo activo de consultores que tentarão
promover uma cidadania juvenil mais participativa.
Na
primeira apresentação em Lisboa, os Dream Teens tornaram públicas as suas propostas,
através de uma discussão organizada em seis grupos de trabalho: Recursos
Pessoais e Bem-Estar, Capital Social e Prevenção da Violência,
Amor/Sexualidade/Parentalidade e Gravidez, Relações de Dependência e Acidentes,
Estilos de Vida Saudáveis e Cidadania e Participação Social. Todos os grupos
discutiram os temas e, em várias situações, foram organizadas investigações,
através de pesquisa na Internet e por meio de inquéritos realizados junto de
outros jovens. De destacar alguma metodologia de investigação já experimentada,
com destaque para a preocupação em interpretar os dados e tirar certas
conclusões preliminares. Em todos os grupos, foi nítida a vontade de
participação e os relatos seguiram várias formas, umas mais criativas do que
outras, tendo sobressaído alguns apontamentos teatralizados que divertiram a
assistência.
É de
louvar a presença do secretário de Estado da Saúde, Fernando Leal da Costa, na
sessão de encerramento, com o intuito de receber directamente as propostas dos
diversos grupos de trabalho.
Estão
disponíveis 30 propostas concretas, algumas com várias alíneas. Na
impossibilidade de as transcrever na totalidade, enuncio algumas: a luta contra
o estigma ligado às perturbações mentais, através de uma campanha de
sensibilização nacional; promover a prática de exercício físico; desenvolver o
intercâmbio social, cultural e geracional entre jovens e idosos; facilitar a
adopção de crianças sem família; manter a Educação Sexual como área prioritária
em meio escolar; assegurar a existência de gabinetes de Informação e Apoio aos
Alunos; informar os jovens sobre os programas já oferecidos pelas diversas
comunidades.
Ao olhar
para esta iniciativa, interrogo-me por que razão as nossas escolas não põem em
prática projectos semelhantes e, em tantos casos, defendem apenas o silêncio na
sala de aula, com os professores, esgotados, a tentar ser ouvidos.
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