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06/10/2018 14:06 -03 | Atualizado 06/10/2018 14:33 -03
Nobel da Paz 2018 vai para ativistas contra violência sexual como arma de
guerra
Nadia Murad é sobrevivente de violência sexual no
Iraque. Já o médico congolês Denis Mukwege trata vítimas de abuso na República
Democrática do Congo.
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FREDERICK FLORIN
VIA GETTY IMAGES
Cerimônia de entrega
do Nobel da Paz 218 será realizada no dia 10 de dezembro, em Oslo.
Nadia
Murad, de 25 anos, e o congolês Denis Mukwege, de 63, são os
ganhadores do Prêmio Nobel da Paz 2018
devido a "seus esforços para acabar com o uso da violência sexual como
arma de guerra e conflito". O anúncio foi feito nesta sexta-feira (5), em
Oslo, na Noruega.
Pertencente à minoria religiosa yazidi, Nadia Murad, tornou-se ativista dos
direitos humanos após ter sido sequestrada e violentada por três meses por
integrantes do grupo extremista autodenominado Estado Islâmico (EI), no Iraque.
Descrita como uma pessoa que demonstra uma "coragem incomum", ela
fugiu dos terroristas em 2014 e liderou uma campanha para impedir o tráfico de
pessoas e libertar os yazidis da perseguição.
O grupo étnico-religioso é composto por cerca de 400 mil pessoas e possui
crenças que combinam elementos de várias religiões antigas do Oriente Médio. O grupo é considerado "infiel"
pelos extremistas do EI - que usa a violência sexual como estratégia militar
sobre a minoria. Estima-se que 3 mil meninas e mulheres yazidis foram vítimas de estupro e
outros abusos.
Em 2016, a ativista foi nomeada embaixadora da Boa Vontade da ONU para a
Dignidade dos Sobreviventes do Tráfico Humano.
"Nadia Murad, premiada com o Prêmio Nobel da Paz de 2018, é a
testemunha que conta sobre os abusos perpetrados contra ela e os outros. Ela
mostrou coragem incomum em relatar seus próprios sofrimentos e falar em nome de
outras vítimas", diz o texto publicado pela organização do Nobel no
Twitter.
Nadia Murad, awarded the 2018
Nobel Peace Prize, is the witness who tells of the abuses perpetrated against
herself and others. She has shown uncommon courage in recounting her own
sufferings and speaking up on behalf of other victims.
Conhecido como "doutor milagre", o médico ginecologista Denis Mukwegepassou grande parte de sua vida ajudando
vítimas de violência sexual na República Democrática do Congo, na África, e
lutando também pela recuperação da dignidade de suas vidas após os ataques.
Cerca de 30 mil vítimas de violência
sexual já foram tratadas pelo médico e sua equipe.
Mukwege é crítico ao governo congolês e de outros países do continente
africano por não atuarem de forma eficaz na erradicação dos abusos contra
mulheres, sobretudo no contexto de guerra civil. Ele já descreveu a questão do
estupro na região como uma "arma de destruição em massa".
Com o apoio da Unicef e de doadores, o médico montou hospital com 350
leitos, uma unidade de atendimento móvel e um sistema que oferece microcréditos
para que as vítimas de violência sexual reconstruam suas vidas.
No Twitter, a organização do Nobel compartilhou o seguinte texto sobre o
médico:
Denis Mukwege’s basic principle
is that “justice is everyone’s business”. The 2018 Peace Laureate is the
foremost, most unifying symbol, both nationally and internationally, of the
struggle to end sexual violence in war and armed conflicts.
"O princípio básico de Denis Mukwege é que 'a justiça é da conta de
todo mundo'. O Prêmio Nobel 2018 é o símbolo mais importante e unificador,
tanto nacional como internacionalmente, da luta para acabar com a violência
sexual na guerra e nos conflitos armados."
O
prêmio
Neste ano, o comitê do Nobel recebeu a nomeação de 216 indivíduos e 115
organizações. Os nomes são mantidos em sigilo, sendo divulgados somente depois
de 50 anos.
Criada em 1901 pelo
industrial sueco Alfred Nobel, o inventor da dinamite, a premiação oferece 9
milhões de coroas suecas (cerca de 1 milhão de dólares) aos vencedores.
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