Alunos do profissional vão ter via própria para o ensino superior
Exames nacionais deixam de ser decisivos
no acesso. Concursos locais vão ser testados como experiência-piloto no próximo
ano lectivo.
25 de Março
de 2019, 19:55
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NELSON GARRIDO
Os alunos que concluam o ensino secundário através de um curso profissional
vão passar a ter uma via própria de acesso ao superior. No próximo ano lectivo
será testada uma modalidade de concursos locais através da qual cada candidato
concorre directamente à instituição na qual pretende estudar. Esta solução
permite acabar com o papel decisivo dos exames nacionais, que afastavam muitos
destes estudantes de uma licenciatura.
A medida foi discutida esta segunda-feira no Conselho Coordenador do Ensino
Superior e deverá ter uma versão definitiva quanto à forma de implementação até
ao final de Abril. O que o Governo propõe, com base nas sugestões de um grupo
de trabalho nomeado pelo ministro, é que seja cada uma das universidades e
politécnicos a decidir os critérios para acolher os alunos provenientes do
ensino profissional numa licenciatura.
Concursos locais
Para isso será usada a modalidade do concurso local, que já é corrente no
ensino superior por exemplo no acesso às licenciaturas das áreas artísticas –
nesse caso as instituições podem definir pré-requisitos ou provas de aptidão
para aceitar um estudante. No caso dos alunos do profissional, esta medida vai
ser testada “como um projecto-piloto”, em todas as instituições, “no próximo
ano lectivo”, avança ao PÚBLICO o ministro da Ciência e Ensino Superior, Manuel
Heitor.
Até agora, estes estudantes tinham que passar, tal como os colegas dos
cursos de carácter geral, por exames nacionais que versavam sobre matérias que,
em muitas situações, não tinham abordado nas aulas. Este era um entrave no
acesso para o qual pais e professores há muito vinham pedindo uma solução. Desde o início da legislatura
que esta era uma matéria relativamente à qual o Governo prometia mexidas, mas que nunca se
concretizaram até agora.
A solução que está a ser pensada pelo Ministério da Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) “comporta vários riscos”, adverte o
presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos
(CCISP), Pedro Dominguinhos, pelo que a sua implementação “precisa de ser
falada com as instituições”. “Parece-me arriscado fazer isto em três
meses”, sublinha o mesmo responsável.
Entre as preocupações do CCISP estão o possível esvaziamento
dos cursos técnicos superiores profissionais para
onde tem ido a maior parte dos alunos do ensino profissional que prossegue
estudos e a necessidade de se assegurar um tratamento semelhante para
universidades e politécnicos.
Além disso, Dominguinhos receia que os alunos do profissional
tenham dificuldades na transição para uma licenciatura “que é muitas vezes
pensada na óptica dos conhecimentos dos estudantes que vêm dos cursos
científico-humanísticos. Por isso, o CCISP defende que, juntamente
com o novo modelo de acesso que deverá ser testado no próximo ano, também
deveria ser introduzido, na mesma lógica de experiência-piloto, um “ano zero”
para receber e preparar os alunos do ensino profissional para uma licenciatura.
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