Como posso eu
apoiar a escolaridade dos meus filhos?
As inúmeras oportunidades que existem num simples percurso escola-casa ou
numa ida a um espetáculo.
28 de Abril
de 2019, 9:05
Todos os
pais* desejam que os seus filhos gostem da escola, trabalhem, se esforcem,
aprendam, passem de ano e ganhem competências que lhes permitam ser bem-sucedidos
nas suas vidas pessoais e profissionais. Todos querem o melhor para os seus
filhos e também conseguir contribuir da melhor forma para esse sucesso. No
entanto, os múltiplos constrangimentos diários que sobrecarregam o quotidiano
não são sempre fáceis de ultrapassar. Tudo isto pode levar a um maior
distanciamento e até a assumirem que a responsabilidade de ensinar é da escola
e dos professores e que eles pouco podem fazer.
Sabe-se
hoje em dia que a participação e envolvimento das famílias na educação e no
apoio à escolaridade é altamente benéfico para as crianças e jovens e pode
mesmo fazer a diferença no seu desenvolvimento ao nível académico e
profissional. A educação é uma responsabilidade partilhada entre profissionais
e famílias, em que cada um tem um papel específico, não sendo os pais
‘ajudantes’ dos professores, nem estando estes sozinhos na responsabilidade de
ensinar e promover o sucesso dos alunos. É nesta especificidade de papéis que
se baseiam as parcerias entre profissionais e famílias, onde não têm todos que
fazer o mesmo nem assumir as mesmas responsabilidades.
Assim, a
participação dos pais vai muito além do apoio às tarefas escolares, do
estudarem com os filhos, de ensinarem uma matéria que não foi percebida ou de
estarem presentes nas reuniões. Esta vertente da participação, direcionada para
a monitorização da escolaridade, passa pelo criar condições para o estudo,
organizar rotinas ajustadas com equilíbrio entre momentos de trabalho e de
lazer, pela comunicação com a escola, manterem-se informados e colaborarem no
que for necessário. Contudo, o papel dos pais vai além em aspetos e momentos
mais informais, onde se assumem como centrais tanto a comunicação com os
filhos, como a valorização do saber numa perspetiva social e cultural.
No que
se refere à comunicação com os filhos, é essencial o interesse que os pais
demonstram pelo trabalho, esforço, aprendizagens e saberes destes. As conversas
informais sobre as conquistas, as dificuldades, as novidades e as vitórias
devem fazer parte das vivências quotidianas sem serem sentidas como rotineiras.
Estes momentos podem permitir identificar não só problemas que de outro modo
não seriam visíveis, mas também apoiar e monitorizar o processo de aprendizagem
e criar relações mais sólidas. Não podem ser momentos conflituosos nem sentidos
pelos filhos como de controlo — devem ser momentos de partilha e, para isso, é
necessário haver confiança, não se sentir julgado nem que se está a defraudar
expetativas. Tem assim de existir uma disponibilidade pessoal e um interesse
genuíno que, com a pressão e ritmo do dia-a-dia, muitas vezes nos esquecemos de
mostrar, mas que felizmente não precisa de horário ou formalismo e que pode
ocorrer tanto à hora da refeição como ao deitar, num percurso casa-escola ou
simplesmente num momento em que estamos ali, juntos. Só temos de o descobrir e
aproveitar!
Importante
também é a valorização do saber: isto envolve a participação em eventos
culturais e sociais, aproveitando as infraestruturas, recursos e oportunidades
existentes à nossa volta. Muitas estruturas comunitárias, como as bibliotecas
municipais, associações recreativas e/ou culturais, museus ou associações
desportivas, desenvolvem ações disponibilizando ocasiões não só de convívio,
mas para um tempo de lazer de qualidade e que podem ter um impacto positivo na
educação das crianças e dos jovens. Muitas vezes focamo-nos demasiado nas
aprendizagens e conteúdos escolares, esquecendo-nos de que eles só fazem
sentido se estiverem ligados à vida, se fizerem sentido para quem os aprende.
Neste aspeto, a família desempenha um papel crucial, devendo aproveitar sempre
que possível para partilhar e diversificar saberes.
Assim,
da próxima vez que for com os seus filhos a um espetáculo, a um concerto, a uma
exposição ou a outra iniciativa cultural, não se esqueça o quão importante ela
pode ser e de que modo pode ser uma mais-valia, um elemento importante para o
seu crescimento. Sinta-se bem, partilhem esse momento e esteja certo de que
esteve a apoiá-los na sua escolaridade.
* O termo “pais” será usado em sentido lato, referindo-se ao responsável
legal ou a um familiar ou outra pessoa que acompanhe a criança/jovem e tenha um
papel significativo na sua vida.
Professora auxiliar do ISPA – Instituto Universitário
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