IMAGINE …
“ Está na margem de um rio, o mais profundo e traiçoeiro rio do planeta.
Contudo, o leitor quer ir para o outro lado. Como fazer?
Procura uma ponte. Não há pontes.
Tenta encontrar um barco. Não há barcos.
Quer voar para o outro lado. Não há aviões.
Frustrado, procura matérias de construção. Não existem.
Pensa contornar o rio a pé, mas ele flui sem interrupção desde o pólo Norte até ao pólo Sul.
Em desespero pensa em nadar. Mas o rio é demasiado largo e turbulento. Todos aqueles que alguma vez nele entraram afogaram-se. Contudo, o leitor quer ir para o outro lado. Mas como?
Quando outros tentaram fazer um túnel por debaixo do rio, a água infiltrou-se e afogou-os. Quando tentaram drenar o rio, descobriram que as águas são inesgotáveis.
O leitor tentou tudo o que se lembrou. Nada funcionou. É impossível atravessar o rio. Contudo, quer passar para o outro lado. Como fazê-lo?”
Aparentemente trata-se de um problema sem solução. Mas a solução existe e o pressuposto subjacente implica encontrar respostas fora dos contextos ortodoxos habituais – a mesmidade pode ser um obstáculo ao nosso pensamento.
Não há perguntas absolutamente sem respostas, existem apenas perguntas condicionalmente sem resposta, da mesma forma, também não existem perguntas absolutamente com resposta, apenas há perguntas condicionalmente com resposta – tudo depende dos nossos pressupostos humanos e evolutivos.
Pensem, por exemplo, na geometria de Euclides, cujos paradoxos encontram resposta nas demonstrações das geometrias não euclidianas.
Recriemos ou reinventemos uma nova Paideia, sinónima de Educação e de Cultura, de acordo com a tradição helénica, e, talvez paulatinamente possamos reedificar e redignificar aqueles que são os responsáveis proficientes desta nova Paideia – os professores – simbolicamente rememorados no dia da implantação da República Portuguesa.
Inês Aguiar
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